Muitas vezes tenho referido a gravidade de o Benfica não
jogar com jogadores portugueses. E até muitos Benfiquistas, que eu prezo, não
percebem a minha preocupação. Pergunta-me porque é que eu me importo. Se não é
igual desde que o Benfica ganhe? Numa situação normal eu não me importaria. Mas
o Benfica não vive numa situação normal. Não há nada de normal jogar com 11
jogadores estrangeiros a esmagadora maioria dos jogos. Não há nada de normal o
Benfica não marcar um único golo por um jogador português na Liga. E as
consequências já estão aí. Vemos a proliferação de ex-jogadores do FC Porto a
tornarem-se treinadores dos clubes da 1ª divisão. E isso é grave. Mas pensemos
bem, quem poderiam ser os ex-jogadores portugueses do Benfica a ocuparem esses
lugares? O que é que ganharam as gerações mais novas de jogadores recém
retirados do Benfica? É que os do FC Porto ganharam um sem número de
campeonatos, ganharam Taças UEFAs, foram campeões europeus, ganharam Taças
Intercontinentais. E é com vitórias que se constrói a mística e é com a mística
que se constroem novas vitórias. Os jogadores mais velhos, habituados a ganhar,
enquadram os mais novos e explicam-lhes o clube e transmitem-lhes a mística.
Mas no Benfica isso é impossível. A cultura do Benfica é há muito a da fanfarronice
e não dos resultados. Os jogadores do Benfica o que podem passar é uma cultura
de derrotas e desculpabilização. O que os jogadores do Benfica podem ensinar não
é como se ganha, mas sim, como se culpam os árbitros. As derrotas no Benfica
não têm quaisquer consequências. O Benfica não tem vitórias, não tem cultura de
vitória nem tem material humano para que se possa explicar aos mais novos o que
é o Benfica. Pois a cultura não pode ser passada por estrangeiros, que estão
aqui apenas de passagem, e há muito que o Benfica não aposta nem respeita os jogadores
portugueses. O papel do capitão de equipa não é entendido pelos responsáveis.
Os ex-capitães do Benfica portugueses foram todos mal tratados pelo Clube.
Ninguém percebeu que era preciso dar o exemplo e tratá-los bem. Que era preciso
alguém que sentisse o Benfica. Mas será isso surpresa quando as estruturas
dirigentes do Clube estão eivadas de não Benfiquistas? O Benfica está doente,
muito doente, perante a apatia dos seus sócios que parecem contentar-se com a
grandeza do passado incapazes de perceberem a realidade. A realidade é a de um
domínio perdido. Enquanto não enfrentarmos todos a realidade não seremos
capazes de reagir. Precisamos de um banho de realidade!
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